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O selo do Grande Oriente do Brasil - GOB

*O Selo do Grande Oriente do Brasil*
 
A edição de nº. 5, Ano II, nov/dez/1998-jan/1999, da saudosa revista Minerva Maçônica, traz, em suas páginas 33 a 38, um excelente artigo do Irmão Alberto Ricardo Schmidt Patier  (1), intitulado “Símbolos Heráldicos do Grande Oriente do Brasil”.  

O seu trabalho abrange: 1. O surgimento do símbolo; 2. O início da Heráldica;  3. Diversificação da Heráldica; 4. Bandeira do Grande Oriente do Brasil e 5. Selo do Grande Oriente do Brasil.

Todos os itens acima enumerados, têm conteúdos de elevado valor cultural maçônico, entretanto, tomo a liberdade de transcrever apenas o  nº 5, já que até hoje, foi a única fonte que consegui, para satisfazer minha curiosidade sobre o significado do Selo do GOB.

Em todos os impressos oficiais  de nossa Obediência, lá está ele. Um círculo, com uma lua crescente de um lado, de outro sete estrelas, ao fundo três rochedos e assim por diante.

Recentemente, ao presentear um Irmão, com um “botton” do GOB, ele me perguntou se eu sabia o significado dos símbolos contidos naquele nosso distintivo, porque ele não sabia. Perguntei aos demais Irmãos que estavam ao redor e nenhum deles tinha a menor idéia do que representavam as inscrições e desenhos ali contidos.

 Por isso, como já disse, tomei a liberdade de transcrever os comentários do Irmão Alberto Ricardo Schimidt Patier, sobre o Selo do GOB.

Segundo um dos IIr.·. mais bem informados, o timbre do Grande Oriente do Brasil apareceu, pela primeira vez, num diploma datado de 20 de maio de 1835, assinado pelo Grão-Mestre Geral _ad hoc_ Antônio Francisco de Paula Hollanda Cavalcanti de Albuquerque, mais tarde, Visconde de Albuquerque. A interpretação dada, na época, ao selo, pode ser resumida deste modo:

“O Selo do Grande Oriente do Brasil – um rochedo batido por ondas violentas tendo acima dele, sempre brilhante, a Estrela da Gnose – está contido numa orla circular, onde na parte superior está inscrita a divisa *NOVAE.SED.ANTIQVAE* e, na parte inferior, separada por um crescente  e  uma  constelação de sete estrelas, a legenda GR.·.OR.·.DO BRASIL, com um conjunto de esquadro e compasso, colocados na posição do Grau de Companheiro”

Se, ao longo das décadas, o significado do lema – “Sempre novo, mas respeitando a tradição”- se manteve mais ou menos unanimemente aceito, os demais elementos do Grande Selo, inclusive a grafia do lema, foram objetos de uma interminável discussão.

Segundo uma interpretação que consideramos perfeitamente correta, *o “rochedo batido por ondas violentas” jamais poderia significar o “Pão de Açúcar”,* símbolo puramente regional, pois, afinal de contas, o GOB, desde sua origem, sempre pretendia ser uma potência de âmbito nacional. Na realidade, “as ondas violentas” simbolizam as dissidências no seu vão esforço de abalar a autoridade do GOB (o rochedo). Esta é, certamente, a interpretação mais correta.

Mas, na biografia deste Grande Selo existe uma grave falha. Ele nunca havia sido oficializado mediante a força de um decreto do Grão-Mestre. Em conseqüência disso, houve, ao longo de 163 anos de vida informal do Grande Selo, cerca de 20 modificações. Cada Administração se considerava com o direito de lhe acrescer alguma coisa de sua lavra. Foram modificações de pequena monta, mas que devem ser consideradas inaceitáveis, por se tratar do Símbolo Maior da Instituição. Foi na 1ª. Administração do Ir.·. Francisco Murilo Pinto que surgiu na Grande Secretaria de Educação e Cultura, a iniciativa de tornar o Grande Selo do GOB um documento definitivo e imutável, mediante decreto do Grão-Mestre. Não houve, contudo, pressa em realizar tal objetivo. Antes de se chegar a tanto, tratou-se de examinar todos os senões surgidos. Um dessee problemas foi o *“u”* na palavra Antiquae, uma letra que não existe no alfabeto latino. Ali o *“v“* funciona como consoante no início e como vogal no meio da palavra. Portanto, a grafia correta deveria ser ANTIQVAE. Esta retificação foi facilmente aceita, pois a permanência de tal erro no Grande Selo, demonstraria uma falta de conhecimento injustificável numa organização filosófica onde militam tantos intelectuais.

Uma outra questão – mudar a abreviatura “G” para “GR” – levou mais tempo para ser aceita. Os conservadores alegavam que o “G” deveria ser mantido por uma questão de tradição, de vez que figurava no Selo (embora não-oficializado) há mais de 160 anos. Mas a comissão encarregada do assunto decidiu-se por uma abreviatura mais de acordo com as normas ortográficas prescritas pela Academia Brasileira de Letras. Em conseqüência, na parte inferior do Selo passou a ser: “GR.·. OR.·. DO BRASIL”.

Uma última questão – a mudança da posição do esquadro e do compasso, da posição do Grau de Companheiro para o de Aprendiz – foi decidida face à argumentação de que o Grande Selo deveria representar todos os graus, necessariamente.
Finalmente, a 20 de novembro de 1997 da E.·.V.·., o Soberano Grão-Mestre assinou o Decreto nº. 0085, que retirou o Grande Selo do GOB da informalidade de 163 anos, tornando-o OFICIAL. A partir daquela data, consoante o que dispõe o Art. 3º.,  “qualquer  forma de apresentação do Selo do Grande Oriente do Brasil, que divirja do modelo e da descrição heráldica do presente Decreto, não terá o respaldo legal do Grande Oriente do Brasil”.

Houve, contudo, no texto do decreto, uma última modificação não prevista. Embora  houvesse  no  desenho,   além  do   rochedo,  duas  outras  protuberâncias, a  versão original falava apenas de um rochedo.

Não ficou mal, contudo, essa modificação, consoante poder-se verificar da descrição heráldica do decreto que aqui reproduzimos:

 “O símbolo arquetípico do Grande Oriente do Brasil – três rochedos, batidos por ondas violentas, tendo acima do maior deles, uma Estrela Flamejante – é contido numa orla circular, onde, na parte superior está inscrita a divisa NOVAE SED ANTIQVAE e, na parte inferior, separada, no equador, por um crescente à esquerda e uma constelação de sete estrelas, à direita, a legenda (3)  GR.·.OR.·.DO BRASIL, com um conjunto de esquadro e compasso, colocados na posição do Grau de Aprendiz, entre as palavras DO e BRASIL.

Os três rochedos simbolizam os três graus simbólicos: Aprendiz, o menor, Companheiro, o intermediário e Mestre, o maior. As fortes ondas do mar, batendo, principalmente, no rochedo maior, representam os vícios, os maus costumes) ignorância, ambição e inveja), os inimigos, que se levantam contra os ditames da doutrina maçônica, que, vigorosa e ereta, como os rochedos, não se deixa abater. A Estrela Flamejante que brilha sobre o rochedo maior, como o Sol, representa a Luz maçônica, é símbolo da Maçonaria eterna, que ilumina mentes e corações.” (...)       

A Bandeira e o Selo, aqui descritos (2), são só os Símbolos maiores do Grande Oriente do Brasil. A Bandeira, em sua nobre simplicidade de um só esmalte, o blau  (azul) e de um só metal, a prata  (branco), é complementada por peças nos quais os Símbolos Nacionais (o Cruzeiro do Sul) e maçônicos (o triângulo) se harmonizam ordenadamente.

Por sua vez, a divisa do Selo – NOVAE SED ANTIQVAE – não poderia ser mais arraigadamente maçônica, pois combina com o movimento progressivo da civilização com valores que vêm de todos os tempos.          

Aqui termina o magnífico trabalho do saudoso Irmão Alberto Ricardo Schmidt Partier.

Apenas com o intuito de complementar os esclarecimentos quanto aos demais símbolos contidos no Selo do GOB, achei por bem transcrever a parte restante do aludido Decreto n° 0085:

“A divisa NOVAE SED ANTIQVAE, nova, porém  antiga, ou seja, sempre atual, mas ligada às tradições – é redigida no latim clássico (Antiqvae, em   vez  de  Antiquae),  já   que  no alfabeto latino original, respeitado pelo latim eclesiástico, não figuravam as letras “B” e “J”.

A lua em quarto crescente, simboliza o espírito evolutivo da Maçonaria (em oposição ao quarto minguante, que representa a involução). As estrelas representam o cosmo, simbolizando o caráter universal da Maçonaria. E o conjunto de Esquadro e Compasso, entrelaçados em posição do 1º grau  *(grifo nosso)*, é um símbolo universal da Maçonaria.

A legenda GR.·.OR.·.DO BRASIL, afastando-se embora do modelo original, apresenta-se mais correta por não ensejar mistura de formas de abreviatura. Ou seria G.·.O.·.DO BRASIL ou será GR.·.OR.·.DO BRASIL. Prevalecendo esta última inclusive por que consagrada pelo uso.

Artigo 2º  - Em documentos oficiais, o Selo deve ter 41 mm de diâmetro; em medalhas e impressos comuns, 33 mm e, em cartões de visita, 18 mm.

Parágrafo único – É livre o tamanho do Selo destinado a capas de publicações ou documentos de publicidade.

Artigo 3º  - Doravante, qualquer forma de apresentação do Selo do Grande Oriente do Brasil, que divirja do modelo e da descrição heráldica do presente Decreto, não terá o respaldo legal do Grande Oriente do Brasil.

Artigo 4º  - O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Dado e traçado no Gabinete do...   

 

 

            

 

Notas:

1 - Alberto Ricardo Schmidt Patier, quando em vida pertenceu à A.·.R.·.L.·.S.·. Miguel Archanjo Tolosa, Redator-Chefe do Jornal “EGRÉGORA”, Vice-Presidente da Academia Maçônica de Letras do DF e Membro da Academia Maçônica de Letras do Brasil.

2 – Aqui foi transcrito apenas o item 5, Selo do Gr.·. Oriente do Brasil.